O Poder da Diversidade
O Selo da diversidade étnico-racial não é apenas uma condecoração ou um prêmio de excelência com muitos outros selos que existem por aí. Urge da necessidade de se fazer o diferencial, conectar experiências e práticas no combate a discriminação racial e o preconceito dentro das organizações, incumbindo uma relação entre as empresas e o que há de mais atual na sociedade e sua diversidade social, visando eliminar práticas racistas, homofóbicas e quaisquer tipo de discriminação e/ou preconceito no ambiente laborativo.
Dentro das organizações, estimulamos a todo quadro – independente da hierarquia- quanto a reflexão da importância da diversidade étnico-racial, seja pela ótica da ética, quanto da reparação, da justiça, seja pela competitividade no mercado, ao impulsionar a criatividade, a inovação e o lucro. A partir daí, a empresa comece a pensar, planejar e efetivar projetos e programas, de modo a implementar políticas internas que visem o combate ao racismo, promover a equidade e valorizar a diversidade étnico-racial.
Com o mundo cada vez mais atento, conectado a pessoas e empresas que apresentam a inclusão étnico-racial ao seu modelo de negócio, é passada a hora de começarmos a refletir sobre os impactos de uma relação que não atendem ao avanço global no combate à discriminação. Faz-se necessário o acompanhamento de indicadores que refletem a nossa certificação do Selo perante as empresas. Segundo pesquisa “A Voz e a Vez – Diversidade no Mercado de Consumo e Empreendedorismo”, encomendado ao Instituto Locomotiva, no final do ano de 2018 a população negra consumidora movimenta com renda própria R$ 1,7 trilhão/ ano. Apesar disso, 72% dos consumidores negros consideram que as pessoas que aparecem nas propagandas são muito diferentes deles e 82% gostariam de ser mais ouvidos pelas empresas. Em um país que tem cerca de 56% de negros mais de 90% das campanhas publicitárias têm protagonistas brancos. É importante lembrar que a representatividade leva a identificação deste público com a marca e, pelo seu poder de compra, é um nicho de mercado que não deve ser menosprezado.
Ao tirarmos essa venda que nos impede de enxergar um futuro promissor e plural dentro das empresas, tornarmos gestores e organizações conscientes da importância desta diversidade, principalmente neste país que tem maioria de sua população negra, que nasceu e cresceu tendo como base uma cultura escravocrata, e não mudará esta mentalidade de uma hora para outra. Os vieses inconscientes estão enraizados em toda estrutura social e em todos que a compõe. Porém, o mais importante é que há a possibilidade de ressignificar os estereótipos e enxergar sob nova ótica, visando inclusive, a inovação e a criatividade, elementos essenciais em ações publicitárias.
Apesar da publicidade ser considerado e compreendida com um campo de atuação de profissionais predominantemente não negros, se a mesma entender e absorver a nova perspectiva da relação com diversidade, este setor pode e deve se tornar um forte aliado nesta luta contra o racismo e o preconceito – tanto em seu próprio meio quanto para além da sua própria estrutura. Seus produtos finais podem gerar questionamentos e impulsionar mudanças de pensamentos, ideologias e hábitos, impactando em todos nós, ao nos permitir novas visões e perspectivas, que apoiarão no enfrentamento ao preconceito, gerando assim, mais diversidade e inclusão étnico-racial.
Uma equipe plural ajuda a construir mensagens com amplo alcance, não homogêneas, similar a realidade onde se está inserido, o que aumentará a abrangência de público, refletindo em ganhos e lucros à empresa. Ou seja, cabe a sociedade civil e empresas entender a vantagem por trás da certificação pelo Selo da Diversidade. Abranger e absorver a nossa diversidade nos fará gerar lucros e refletirá em diminuição de desemprego, aumento de renda, além do impacto entre tantos outros índices econômicos e sociais. O Selo trará não só visibilidade para nossa diversidade, como renda e impacto na qualidade de vida no geral. Ganha quem se permite ver a diversidade e quem é visto.
Por: Alison Sodré
Coordenador de Projetos e Politicas da Reparação da Secretaria Municipal da Reparação da Prefeitura de Salvador