
O impacto do fim do sistema de checagem de fatos no Facebook e Instagram
Recentemente Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou o encerramento do sistema de checagem de fatos no Facebook e Instagram, que por anos foi uma ferramenta essencial no combate à desinformação. A medida significa que as postagens nas plataformas não serão mais avaliadas por organizações independentes que verificavam a veracidade de conteúdos compartilhados, o que pode gerar um aumento na circulação de informações imprecisas.
A mudança, embora acompanhada da introdução do sistema de “notas de comunidade”, que busca oferecer um modelo colaborativo, onde os próprios usuários podem adicionar contextos e correções às postagens, levanta preocupações sobre o impacto na experiência do usuário e a credibilidade das redes como espaços de debate e informação. Ainda é cedo para entender os impactos e de que forma estas mudanças afetam a sociedade e suas relações, mas a curto prazo, essa medida pode tornar o ambiente digital mais vulnerável à propagação de desinformação e reforça a necessidade de buscar fontes confiáveis fora das plataformas e de adotar uma postura responsável ao compartilhar conteúdo.
Quando fazemos um recorte para o mercado empresarial e publicitário, o cenário demanda uma abordagem mais estratégica na gestão da presença digital, exigindo maior dedicação no relacionamento com o público e trazendo para o centro da estratégia a construção de comunidades digitais. Empresas e influenciadores já vêm investindo na criação destes ambientes por serem seguros e trazerem o protagonismo e diálogo entre os consumidores, o que acaba humanizando as marcas e aumentando as chances de fidelização a partir do relacionamento verdadeiro estabelecido.
Uma pesquisa da MIT Technology e Statista indica que o número de usuários de comunidades no mundo deve chegar a 1,8 bi em 2025, um aumento significativo em relação aos 1,2 bi em 2020, o que fortalece a ideia de que as pessoas querem pertencer e se conectar entre si e com marcas que amem de forma genuína, incentivando o pensamento crítico a partir de interesses e valores em comum, o que tem se tornado cada vez mais difícil nas redes sociais.
Diante desse cenário, é fundamental que cada usuário reflita sobre o impacto da desinformação e o papel que desempenha na construção de um ambiente digital confiável. Sem a checagem de fatos, até que ponto as redes sociais são espaços seguros para informação e debate? E como podemos, individual e coletivamente, fortalecer comunidades que valorizam o pensamento crítico e a troca responsável de conhecimento? Mais do que nunca, torna-se essencial repensar a forma como consumimos e compartilhamos conteúdo neste ecossistema.
Rebecca Lyrio
Relações Públicas, Professora, Palestrante e especialista em Comunidades Digitais, Branding e Growth. Gerente de MKT Digital e Comunicação (Rede Bahia – Globo), Co-Fundadora da consultoria Hackel, especializada em soluções de educação e inteligência para negócios digitais