Viralidade superficial ou Profundidade com baixa audiência?
Nos últimos anos, o crescimento das redes sociais e o domínio dos algoritmos redefiniram a relevância da mídia tradicional. A transformação do cenário midiático impulsionada pelas redes sociais e algoritmos redirecionou a dinâmica de influência e relevância, alterando profundamente as estruturas da comunicação tradicional. Em vez de confiar exclusivamente em veículos como jornais e emissoras de TV, o poder agora reside em plataformas digitais e influenciadores que dominam os algoritmos e alcançam grandes audiências. A lógica de influência mudou; o engajamento social passou a ser o principal indicativo de relevância, deslocando o foco da autoridade jornalística para uma estrutura onde cada usuário é um agente de influência possível. Esse cenário exige que os profissionais de marketing e propaganda adaptem suas estratégias, registrando a necessidade de responder ao novo comportamento dos consumidores, que buscam fontes rápidas, personalizadas e socialmente válidas.
Esse novo cenário cria desafios, pois, apesar de democratizar a comunicação, promove a desinformação e a dificuldade de identidade. Há uma polarização informativa: de um lado, conteúdo rápido e viral nas redes sociais; de outro, veículos comprometidos com análises aprofundadas. A aparência dos micros influenciadores amplia ainda mais a fragmentação da informação, ao criar bolhas de conteúdo personalizadas para nichos específicos. Esse modelo de comunicação desafia a estrutura tradicional de autoridade, trocando a confiança institucional pela proximidade entre as pessoas afetadas.
O futuro aponta para uma mídia bifurcada, dividida entre veículos que apostam na quantidade de conteúdo e aqueles que prezam pela profundidade e especificidade. Em um “oceano de informações”, surge uma alternativa como o principal ativo para a sobrevivência de marcas e empresas, que precisa se diferenciar e conquistar a confiança de um público cada vez mais atento à atualização. A questão central para o marketing e a propaganda é se o público continuará priorizando a instantaneidade gerada pelos algoritmos ou irá buscar, cada vez mais, veículos e fontes que ofereçam confiabilidade e consistência. A sustentabilidade das estratégias comunicacionais na era digital, portanto, dependerá da habilidade de unir alcance e rapidez com princípios éticos e informativos, posicionando-se como uma ponte entre a viralidade e a profundidade. E você, profissional de comunicação, já escolheu que rumo irá tomar?
Por Adriano Sampaio, Analista de Inteligência de Mercado e CEO da Duplamente Pesquisas.