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Sinais do Futuro #5: Valores Sociais e Valor das Coisas em Mudança

Sinais do Futuro #5: Valores Sociais e Valor das Coisas em Mudança

Pistas, incertezas, possibilidades. Um olhar curioso para o que pode (ou não) acontecer. Sinais do Futuro traz indícios de possíveis mudanças que podem gerar múltiplos cenários futuros que impactarão nossas vidas.

1. Novos valores sociais: entre hype, desinformação e fuga do esforço

Uma pesquisa com jovens paulistanos revelou que 33% dos homens e 22% das mulheres acreditam que investir em criptomoedas garante um futuro melhor do que o ensino técnico. A preferência pelo ganho rápido, muitas vezes ancorada em narrativas digitais de sucesso instantâneo, evidencia uma mudança mais profunda: o conhecimento estruturado perde espaço diante do apelo emocional das narrativas virais

Como destacou o The Guardian, “acabou para os fatos”: o que importa é a vibe. Se algo parece promissor ou desejável, já basta para mobilizar decisões, investimentos e posicionamentos, mesmo sem fundamento. A consistência dos dados cede lugar à estética da convicção.

O que pode acontecer:

  • A retração no interesse por formação técnica pode agravar a escassez de profissionais qualificados e elevar os custos de contratação.
  • Estratégias pessoais baseadas apenas em hype digital podem resultar em desorientação profissional e carreiras frágeis e caóticas.
  • O ideal de viver de ganhos passivos pode ser um sinal de que estamos num curso de redução de valorização e vínculo com o trabalho.

Questões críticas:

  • O que muda nas estratégias de recrutamento e desenvolvimento quando muitos jovens já não enxergam o trabalho como valor nem como um dos eixos estruturadores da vida?
  • Como captar e preparar novos profissionais para construir carreiras e navegar um mundo de hype e desinformação sem perder o domínio técnico e o senso crítico?
  • Quais critérios e processos orientam as apostas estratégicas da sua empresa em novas tendências? E como, ao mesmo tempo, estar atento aos sinais do futuro e evitar decisões baseadas em ruído?

2. Saúde mental: um ponto cego na produtividade

Jovens adultos não são tão felizes quanto costumavam ser. A “curva da felicidade”, antes em formato de U, com bem-estar mais alto na juventude, queda na meia-idade e retomada na maturidade, começa a se achatar. Problemas de saúde física e mental, busca por sentido e relações frágeis tornam o início da vida adulta um terreno instável.

O ambiente digital amplia esse cenário: redes sociais expõem os jovens a comparações permanentes, bullying estético e expectativas inalcançáveis. Tratar isso apenas como uma “fragilidade geracional” é um erro caro. Segundo a OMS, 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por ano devido a ansiedade e depressão, custando à economia global US$ 1 trilhão.

O que pode acontecer:

  • Quadros de esgotamento não reconhecidos geram presença física sem entrega real. Profissionais que estão ali, mas que não conseguem produzir.
  • Times sob constante estresse perdem capacidade criativa, análise crítica e pensamento flexível.
  • Casos públicos de burnout podem prejudicar a imagem da empresa, afastar talentos e expor incoerências culturais.

Questões críticas:

  • Sua liderança está preparada não só para reconhecer sinais de esgotamento, mas para desenvolver equipes com maturidade emocional diante da pressão e da incerteza?
  • Como sua empresa forma profissionais capazes de lidar com frustração, ambiguidade e desconforto sem adoecer e sem fugir das emoções negativas?
  • A cultura organizacional ensina a sustentar performance sob pressão ou apenas espera que isso aconteça por conta própria?

3. Da influência à simulação: o novo dilema das marcas

A saturação do mercado de influenciadores vem sendo acompanhada por uma desconfiança crescente por parte do público. Nesse cenário, ganha força um novo player: os avatares gerados por IA, como Lil Miquela. Sempre disponíveis, sem crises pessoais e totalmente programáveis, esses personagens digitais prometem às marcas algo escasso em humanos: controle total da imagem, consistência, disponibilidade ilimitada e escalabilidade.

Mas a disrupção vai além dos influenciadores. Em abril de 2025, Giovanna Ewbank teve sua imagem e voz clonadas por deepfake para vender produtos falsos. Casos como esse se multiplicam, alimentados por ferramentas baratas e empresas que oferecem vídeos falsos sob encomenda: um mercado paralelo que opera nas margens das redes sociais.

O que pode acontecer:

  • A estética repetitiva e a previsibilidade emocional dos avatares podem gerar cansaço e impedir que vínculos reais se formem.
  • Quando a marca aparece em um deepfake, o dano vai além da fraude: atinge confiança, reputação e valor simbólico.
  • Substituir humanos por avatares pode resolver crises, mas pode corroer vínculos construídos com identificação humana

Questões críticas:

  • Em que casos abrir mão da imprevisibilidade humana por previsibilidade de influencers virtuais pode ser uma escolha estratégica? E quando isso se torna um risco?
  • Sua empresa saberia reagir em menos de 24h se uma deepfake associasse sua marca a uma fraude ou a um posicionamento indesejado?
  • Se o mercado optar pela eficiência via IA, o que tornará sua marca relevante e singular?

4. Sem autoria, sem proteção: o impasse da propriedade intelectual na era da IA

Pela legislação brasileira, máquinas não podem ser autoras nem inventoras. Isso significa que criações geradas de forma autônoma por inteligência artificial podem não ter proteção legal e, em certos casos, cair diretamente em domínio público. Discute-se a possibilidade de atribuir autoria a quem gera os prompts, mas ainda não há definição clara sobre o que caracteriza o “uso da criatividade”.

Nos Estados Unidos, a proteção já foi negada a invenções desenvolvidas exclusivamente por IA. Na África do Sul, o mesmo pedido foi aceito, indicando um cenário jurídico fragmentado (e instável) em escala global.

O que pode acontecer:

  • Conteúdos gerados por IA sem autoria humana reconhecida podem cair em domínio público, eliminando exclusividade de uso comercial.
  • Campanhas, códigos ou marcas criadas por IA podem não ter proteção legal, facilitando réplicas por concorrentes.
  • Colaboradores que usam IAs públicas com dados sensíveis podem expor informações estratégicas e gerar brechas legais e reputacionais.

Questões críticas:

  • Sua marca está preparada para lançar uma criação por IA que, legalmente, qualquer concorrente pode copiar?
  • Se um colaborador usar dados sensíveis em um prompt, como você descobriria? E quem será responsabilizado?
  • Como sua empresa está lidando com o fato de que a lei ainda não define quem é o autor de uma criação gerada com IA?