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O que a IA ainda não sabe: o valor humano em contextos de incerteza e ambiguidade

O que a IA ainda não sabe: o valor humano em contextos de incerteza e ambiguidade

Tudo que pode ser medido tende a ser automatizado com o uso cada vez mais amplo e eficiente de IA. Com isso, diferencial da ação humana tende a migrar. Não para tarefas apenas mais complexas, mas para aquelas fundamentalmente incertas. A IA é e será cada vez melhor quando há padrões a identificar. Mas pode nos induzir ao erro justamente quando não sabemos que tipo de padrão estamos procurando.

Esse é o território da incerteza knightiana, conceito de Frank Knight, que diferencia riscos (incerto conhecido, quantificável com o uso de probabilidades) de incertezas desconhecidas (ambíguas, sem base estatística nem estrutura previsível). A IA, por mais avançada que seja, opera apenas no primeiro campo. Já o segundo exige ponderação, imaginação e responsabilidade, que são atributos humanos por excelência

Os limites da automação

Modelos de IA funcionam muito bem quando há histórico. Tradutores, engenheiros, contadores, consultores, publicitários, designers e médicos, por exemplo, já convivem com sistemas que realizam boa parte de seu trabalho.

Mas onde não há precedentes confiáveis, a IA pode simplesmente não saber o que fazer e mesmo assim gerar respostas convincentes que levam a uma falsa sensação de certeza. A IA não diz (ou custa a dizer) “não sei”. É justamente aí onde residem as atividades mais sofisticadas em tempos de IA:

  1. Incerteza Knightiana: a IA não imagina o que nunca foi observado ou registrado. As projeções e prospecções que são feitas, são apenas combinações de palavras com alta probabilidade estatística de parecerem coerentes.
  2. Responsabilização: apenas pessoas podem ser responsabilizadas por decisões críticas, especialmente em contextos éticos, jurídicos ou estratégicos. São as pessoas que entram em cena para lidar com crises, negociar interesses e fazer acolhimentos e atendimentos críticos.

Decisões podem ser auxiliadas tecnicamente por modelos, mas quem assume as consequências são pessoas.

A imaginação de uma Inteligência Artificial Geral

Uma AGI (Inteligência Artificial Geral), que hoje é uma hipótese, seria uma IA que conseguiria igualar ou superar seres humanos em praticamente todas as tarefas cognitivas ao mesmo tempo. Hoje temos IAs que fazem tarefas específicas melhores que humanos, mas não tudo ao mesmo tempo.

Além disso, imaginar de verdade é conceber o que não está nos dados. Isso inclui criar conceitos totalmente inéditos, visualizar possibilidades sem base empírica e gerar ideias que desafiam a lógica vigente. E ainda precisaria incorporar afetos (desejos, memórias, medos), percepção corporal (reações fisiológicas, intuição) e referências culturais e históricas (valores, símbolos, narrativas de vida), que permeiam e influenciam a nossa imaginação.

Mesmo que tenhamos uma AGI que simule empatia ou criatividade, ela não terá intencionalidade, nem consciência corporal, nem contexto existencial. Ela pode modelar histórias, mas não sabe o que significa ter uma história.

Além disso, imaginar não é só criar imagens mentais, mas também decidir agir sobre elas. Implica consequências, riscos, compromissos. Uma AGI pode propor alternativas. Mas ela não sonha, não deseja, não sofre se estiver errada. E, portanto, não se responsabiliza por sua imaginação.

O trabalho especializado do futuro

Dessas reflexões, ficam perguntas que você e sua empresa provavelmente terão algum tempo para responder e se adaptar:

  • Como está a qualidade do atendimento? Quem hoje presta um atendimento em termos de técnica e de relacionamento melhor do que uma IA? E quem conseguirá manter essa vantagem nos próximos 3 a 5 anos?
  • Como está o sistema de responsabilização da sua empresa junto ao cliente? O quão forte é sua parceria? O cliente vai preferir substituir sua agência de viagens, contabilidade, consultoria, agência de propaganda, imobiliária, escritório de arquitetura etc. por IA ou sua empresa se compromete com os clientes, assumindo riscos e resolve problemas, focando na experiência e nos resultados desses clientes?
  • Sua empresa está preparada e tem a prática de potencializar a imaginação das pessoas na construção do futuro? Vocês conseguem lidar com o ambíguo e com o incerto desconhecido?
  • E, por fim, e mais importante: seu modelo de negócio envolve algum desses fatores acima? Resolve problemas ambíguos em contextos de incerteza knightiana? Assume a corresponsabilidade pelo resultado e experiência do cliente? Gerencia e cuida de relacionamentos? Dá conta de questões afetivas e histórico-culturais dos clientes?

A IA está transformando e vai transformar cada vez mais as nossas vidas. Responder a estas perguntas pode ajudar a entender qual será o trabalho intelectual humano valorizado no futuro.