
IA ameaça ou ferramenta de trabalho?
Suely Temporal, Sócia-diretora da ATcom – Comunicação Corporativa e assessora de imprensa do Sinapro-Bahia.
Com avanços rápidos em tecnologia, profissionais de diversas áreas se perguntam: a Inteligência Artificial irá substituir as pessoas no mundo do trabalho? Esse temor também assola as mentes de colegas do meio da comunicação. É certo que ainda há muito o que aprender nesse campo mas, no momento é possível afirmar que, embora seja inegável que a IA esteja automatizando certas tarefas, ainda não há resposta. Não é tão simples dizer um “sim” ou “não” para essa pergunta. Em vez disso, prefiro dizer que a IA está redefinindo o papel dos profissionais de comunicação, criando desafios e oportunidades.
Atualmente, a inteligência artificial já desempenha diversas funções no setor da comunicação. Algumas delas incluem: automação de conteúdo, curadoria de notícias, análise de grandes volumes de dados, criação de layouts e tradução e transcrição. Ferramentas de IA como a utilizada pela Associated Press geram textos simples como relatórios financeiros, resultados esportivos ou previsões meteorológicas. Esses conteúdos são baseados em dados estruturados e seguem padrões previsíveis, o que facilita sua produção automática.
Plataformas como Google News utilizam algoritmos para selecionar e recomendar notícias personalizadas com base nos interesses dos usuários, modificando a forma como o público consome informação. A IA também pode processar dados em larga escala, identificando padrões e insights que servem como ponto de partida para investigações jornalísticas. E ainda há as ferramentas de tradução e transcrição que economizam o tempo e agilizam o trabalho de jornalistas que lidam com entrevistas em diferentes idiomas ou grandes volumes de áudio.
A grande questão é: o que a IA ainda não consegue fazer? Apesar de sua eficiência, a IA enfrenta limitações significativas que podem ser resumidas na falta de contexto humano. A inteligência artificial não tem consciência, emoções e nem a capacidade de compreender nuances culturais ou éticas da mesma forma que os humanos. A IA responde com base em dados e padrões nos quais foi treinada para reconhecer. Textos mais complexos, que exijam julgamento humano, empatia e capacidade de construir narrativas sensíveis e contextuais não conseguem ser feitos pela IA.
A subjetividade do pensamento humano também escapa da IA. Embora seja excelente em tarefas repetitivas, a IA não pensa. Ela consegue criar histórias originais ou oferecer interpretações críticas dos eventos a partir de padrões preexistentes. Mas o pensamento e a imaginação continuam sendo habilidades genuínas das pessoas. Resolver problemas complexos de imagem e reputação exige relacionamento interpessoal, julgamento ético e uma capacidade de adaptação que são inerentes ao ser humano. Isso está fora do alcance das máquinas. Nada substitui o valor humano na comunicação, assim nosso papel será cada vez mais estratégico. E o foco dos novos profissionais em tempos de inteligência artificial será em desenvolver habilidades criativas a partir da adoção das ferramentas de IA para potencializar sua vantagem competitiva.