Coluna Especial: Dia Internacional da Mulher
Quando me deparei com essa folha em branco para falar sobre a minha trajetória como mulher, um filme passou na minha cabeça. Quanta coisa eu já vi, vivi e ouvi para chegar até aqui. Temos histórias de vida, sonhos, trajetórias diferentes. Mas, o que todas nós temos em comum?
A luta!
Eu sei que é cansativo falar o óbvio, mas, assim como minhas precursoras, nossa luta é para que nenhuma mulher tenha sua voz silenciada e muito menos seu talento colocado à prova. Como uma boa mulher, com sangue de baiana, eu não desisto. E sigo na certeza de que todas as portas que abro é para que outras mulheres passem por elas também.
O dia 8 de março é mais que uma data bonita; é um marco que celebra todas as conquistas femininas ao longo dos séculos e, para mim, celebram mais de 30 décadas de sonhos, lutas e disrupção.
Sou apaixonada pelo que faço e essa paixão me levou a lugares que antes nunca foram alcançados por outras mulheres na minha cidade. Uma cidade coronelista, bairrista, onde os homens ainda reinam em vários setores e eu, uma forasteira soteropolitana, ousei desafiar o status quo e dizer que mulher pode tudo. Tenho certeza que algumas portas se abririam mais rápido se eu falasse baixo, não emitisse opinião. Mas quem precisa de um homem para abrir uma porta quando eu posso meter o pé nela?
E assim é minha trajetória de vida e profissional. Já ouvi que eu era bonita demais pra participar de certas conversas; já tive o revanchismo feminino alimentado por outros homens; e, toda vez que sou mais incisiva, sempre sou taxada como grossa, arrogante e indomada. Mas é com muito orgulho que digo que sou a primeira e única mulher à frente de uma agência de publicidade filiada ao Cenp e ao Sinapro-Bahia na cidade de Ilhéus e a primeira mulher de Ilhéus a ser Delegada do Sindicato das Agências de Propaganda do Estado da Bahia – Região Sul.
Mas nada foi fácil. Perdi as contas de quantas vezes a minha competência foi colocada à prova e que julgaram minhas escolhas com rótulos por serem ou não serem coisas de mulher. Quantas vezes disseram que eu só estava ali por ser “bonitinha”. Beleza não me faria chegar aonde eu cheguei. E, se em algum momento, alguém falou isso para me fazer desistir ou desencorajar, eu sinto muito, pois cada palavra machista só alimentou a chama para fazer muita coisa de mulher.
É coisa de mulher comandar a primeira agência da cidade de Ilhéus com liderança feminina. É coisa de mulher ser Delegada Regional Sul da Bahia. É coisa de mulher romper barreiras físicas e atender clientes fora do sul do Estado. É coisa de mulher ser workaholic, não querer ter filhos e, ao mesmo tempo, ser feminina e feminista. É coisa de mulher ser criativa, detalhista e perfeccionista. É coisa de mulher amar praia, sol, cerveja e futebol. É coisa de mulher, e vai continuar sendo coisa de mulher, quebrar cada muro e construir pontes para empoderar outras mulheres.
Então, sim, eu tenho muito orgulho de tudo que eu faço ser muito, mas muito mesmo, coisa de mulher.
Lorenna Caldas – CEO Avoar Comunicação e Delegada Regional Sul do Sinapro-Bahia
Mulher, baiana, publicitária.