Vera Rocha
Vera sempre foi mulher de desafios. Talhada na juventude, na luta contra a ditadura militar, e na sua trajetória profissional, superando as muitas dificuldades de um mercado instável, que foi encolhendo ao longo dos anos e, mesmo assim, ela se dispôs a encarar o empreendedorismo. Teve participação acionária em algumas agências: DS2000, CBVR, Rocha Market; que eu lembre agora, até ter uma agência para chamar de sua, tomar as decisões estratégicas, e isso faz a diferença.
A pandemia exigiu dela encarar novos desafios. Sua gestão coincidiu com a mais grave crise enfrentada pelo mercado publicitário em toda sua história. Da noite para o dia, as agências se viram na contingência de “parar”, diante da economia retraída pelas circunstâncias. O varejo, nosso principal segmento anunciante na área privada, fechou as portas por conta dos protocolos sanitários. Um impacto sem precedentes para quem não atendia contas públicas.
À frente do Sinapro-Bahia na sua segunda gestão, e no propósito de encontrar caminhos para atenuar a crise, promoveu, a partir de maio de 2020, uma série de lives com a sugestiva hashtag #Tamojunto, pelo Instagram, envolvendo toda a cadeia produtiva do negócio publicitário. E, na sequência, outras lives com outras temáticas. Em nenhum momento, o Sinapro-Bahia esperou o bonde passar.
Eleita pela segunda vez para presidir o Sinapro-Bahia, em 2019, esse já foi um fato marcante. Única dirigente da entidade a ser conduzida ao cargo num segundo mandato; antes tinha presidido o Sindicato de 2006 a 2009. A lembrança de sua atuação, nesse primeiro triênio, junto aos associados, a credenciou a outro mandato, num momento mais crítico do que o anterior. Mesmo com mais atribuições profissionais do que no passado, encarou o desafio.
E no encerramento de seu mandato, marcou um gol de placa, transferindo a faixa presidencial (risos) para um dirigente de agência do interior do estado, André Mascarenhas, fortalecendo, assim, a representatividade do interior da Bahia dentro do Sindicato, que, se já era numérica, não era de fato. Uma antiga aspiração dos associados de fora da capital. Lembrei de seu discurso de posse, em 2019, quando ressaltou a importância do trabalho de interiorização do Sinapro-Bahia, através de suas cinco delegacias regionais.
É claro que tudo aqui dito em relação ao Sinapro-Bahia é o trabalho de uma diretoria e de uma equipe, que teve a sorte de contar com um Maestro regente. Melhor eu chamar de Maestra, para não levar um puxão de orelhas.
Nelson Cadena, jornalista, autor e pesquisador