House Agency ou agência de verdade?
Por Humberto Mendes,
VP Executivo da Fenapro
Todos sabemos que quando o anunciante é o próprio dono da agência, ao tentar produzir qualquer trabalho de comunicação de marketing, geralmente não sai nada que se aproveite, por várias razões: a primeira delas aparece no momento em que um leigo tenta mostrar competência em um assunto para o qual não está minimamente preparado. “Nada de chamar esse pessoal de agência, porque o nosso chefe é um cara criativo e fazer umas bolações…”. A segunda é que, a partir daí, a inibição toma conta dos que trabalham na house e por isso mesmo, ninguém vai ter coragem de discutir as sábias decisões do chefe agora travestido de gênio da criação.
Comparativamente é como se uma agência de publicidade ou um jornal, pelo fato de utilizar muito software e hardware, decissem posar de cientistas da engenharia de computação e começassem a tentar desenvolver hardwares, softwares e outros sistemas capazes de substituir esses importantes elementos. Seria um fracasso e aí vale lembrar o do velho ditado: “Cada macaco no seu galho”.
Nos meus mais de 60 anos trabalhando em publicidade, já vivi muitos exemplos de fracasso de anunciantes que entenderam de montar House Agency com a intenção de economizar uns trocados e substituir a agência de publicidade. Não deu outra, os resultados da tal criatividade foram pífios e o mais grave é que depois botaram a culpa na propaganda com a estapafúrdia desculpa: “gastamos uma fabula em propaganda e não tivemos os resultados esperados…”. Seria de estranhar se tivessem obtido algum bom resultado.
Acabamos de ver um caso semelhante: algumas pessoas do governo resolveram fazer internamente uma campanha. Talvez nem houvesse a intenção de montar uma House Agency. A verdade é que o trabalho apresentado foi qualificado como tosco pelas cabeças pensantes do governo que chamaram sua agência para resolver o problema. E ela resolveu brilhantemente. Parabéns ao governo pela sábia decisão.
Acontecimentos semelhantes servem para nos mostrar que House Agency só pode ser qualificada assim: house é o lugar para onde a gente volta no fim do dia após encerrar o expediente na agency.